Cada uma de nossas postagens tem um pedacinho de Caroline ou de Natali. Os poemas, crônicas, fotos, reflexões... são todos expressões de nossa vontade de dizer algo para o mundo.


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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Anjo da Morte


Eu corro, arrastando as asas que dizem me pertencer
Corro em direção às chamas tremeluzentes, com o coração angustiado, ordenando que eu pare...
Que eu pare de me torturar...
Mas não posso
Não posso deixar uma vida acabar sem tentar salvá-la
Sem tentar salvá-lo...
Mas meu gesto está longe de ser nobre
O que realmente importa é que ele sobreviva
Para que eu possa viver...
Sobreviver...
Eu corro o mais rápido que meu corpo limitado permite
Corro, deixando penas negras para trás
Penas negras com um brilho vermelho venenoso
Mais uma prova de minha impureza...
As chamas espalham-se com uma facilidade terrível
"Porque, vento, ficas em meu caminho ?"
É como se ele me empurrasse para longe do fogo
Para longe dele...
Como se fosse errado salvá-lo
Quando, enfim alcanço as chamas flamejantes, me jogo nelas, como se fossem inofensivas...
O medo de perdê-lo é tão intenso que impede que eu sinta dor
Nada é mais importante que encontrá-lo...
Salvá-lo...
Finalmente o encontro, e o tiro do meio das chamas
Que consumiam aquela casa obscura que o prendia junto ao perigo...
Meu coração se aperta quando vejo...
Quando sinto o quanto ele está ferido...
Eu o aperto contra meu peito, na frágil tentativa que meu coração o salve
Ele abre seu olho menos ferido e me olha com aquele castanho profundo
Um castanho cheio de admiração, fazendo-me engolir um lamento, preso em minha garganta...
Não mereço esse olhar...
Não mereço essa admiração...
Nunca mereci...
E hoje, mereço menos ainda...
Envolto em meus braços, ele adormece em um sono profundo, deixando-me novamente só
Uma lágrima percorre meu rosto, fazendo minha ferida arder...
Curvo-me mantendo-o perto, tentando prolongar esse momento
Sentindo o calor de seu corpo
Enquanto uma dor não física me envolve...

Esse é meu inferno, minha punição...
Ter que levá-lo ao único lugar que não tenho o direito de ficar
E viver minha eternidade, tendo que conviver com essa dor de não poder salvá-lo do destino
Vivendo eternamente, arrastando minhas asas imundas...

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