Cada uma de nossas postagens tem um pedacinho de Caroline ou de Natali. Os poemas, crônicas, fotos, reflexões... são todos expressões de nossa vontade de dizer algo para o mundo.


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domingo, 29 de maio de 2011

(sem título)

A cidade mostra sua vida. Cores, luzes, tráfego intenso. As bolinhas coloridas passam agilmente de mão em mão. Mãos pequenas e calejadas de quem aprendeu desde cedo que o mundo não é igual pra todos.
 Sim, ele via nos carros outros meninos de sua idade, brigando para andar na janela e apontando para ele:
- Olha papai, ele não deixa nunca as bolinhas caírem no chão!
Realmente, ele sustentava as bolinhas no ar com maestria. Pulava, cantava, e no final de seu espetáculo de um minuto, pedia moedas para os motoristas que, enterrados em seu mundo de caos e preocupação, sequer notavam a expressão de glória no rosto do menino esfarrapado.
Quando o sinal abria e os carros partiam, esperava pacientemente sentado na calçada a hora de recomeçar. Tinha que trabalhar para ganhar sua vida do modo que aprendeu desde cedo com seus amigos.
Mais um menino da rua, sem história nem rosto. Conformado com seu destino, condicionado a viver desprotegido, num mundo no qual os olhos se fecham para a dor.

Olhamos uns para os outros, e não vemos nada além do que tem forma.
E assim, de olhos fechados, caminhamos...

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