Cada uma de nossas postagens tem um pedacinho de Caroline ou de Natali. Os poemas, crônicas, fotos, reflexões... são todos expressões de nossa vontade de dizer algo para o mundo.


Opinem, comentem, provoquem, instiguem novas opiniões e visões... construam conosco um espaço de expressão!

domingo, 29 de maio de 2011

Sonho Eterno

Seus olhos, negros como a meia noite,
Olhavam-me como se me convidassem a me aproximar
Seu sorriso, sedutor
Chamava meu nome suavemente

Lentamente, aproximou-Se
Gentilmente, tocou meu rosto com Sua mão
Sua face estava tão próxima
O sol, tão glorioso e belo parecia sorrir para nós

Seus doces lábios tocaram delicadamente os meus
Suas mãos em minha cintura,
Como se me impedisse de fugir dali
De fugir de meu "para sempre" com que tanto sonhara

Seu cheiro doce me embriagava
Meu maior desejo era que aquele momento congelasse
E nunca cessasse

Suspirei devagar com um sorriso satisfeito
Jamais sentira-me tão bem assim

Suas mãos tornaram-se firmes e agressivas
Suas garras cravaram em minha carne, sugando minha alma

Suas mãos soltaram-me e desmoronei ao chão
Como uma boneca.
Sentia-me vazia, oca
Não poderia mover-me, sentia-me fraca
Era como se dali a alguns minutos fosse me desfazer
Misturando-me ao ar gelado que me envolvia

Sob a fraca luz de uma lua pálida
Fui obrigada a ver meu amor afastar-Se lentamente em direção às trevas
Tentei alcançá-lO
Mas meu corpo não obedecia
Eu sabia que estava morrendo
Nenhum mortal sobrevive sem sua alma para lhe preencher

Enquanto esperava meu breve "para sempre" chegar a seu fim
Observei minha alma afastar-se
E não pude deixar de pensar uma última vez:
"Ele é tão lindo"

Quando um humano está apaixonado
Vê apenas o que se permite enxergar

(sem título)

A cidade mostra sua vida. Cores, luzes, tráfego intenso. As bolinhas coloridas passam agilmente de mão em mão. Mãos pequenas e calejadas de quem aprendeu desde cedo que o mundo não é igual pra todos.
 Sim, ele via nos carros outros meninos de sua idade, brigando para andar na janela e apontando para ele:
- Olha papai, ele não deixa nunca as bolinhas caírem no chão!
Realmente, ele sustentava as bolinhas no ar com maestria. Pulava, cantava, e no final de seu espetáculo de um minuto, pedia moedas para os motoristas que, enterrados em seu mundo de caos e preocupação, sequer notavam a expressão de glória no rosto do menino esfarrapado.
Quando o sinal abria e os carros partiam, esperava pacientemente sentado na calçada a hora de recomeçar. Tinha que trabalhar para ganhar sua vida do modo que aprendeu desde cedo com seus amigos.
Mais um menino da rua, sem história nem rosto. Conformado com seu destino, condicionado a viver desprotegido, num mundo no qual os olhos se fecham para a dor.

Olhamos uns para os outros, e não vemos nada além do que tem forma.
E assim, de olhos fechados, caminhamos...